A (digi)mitologia em Digimon Adventure

Digimon Adventure segue um grupo de crianças e simpáticos monstrinhos que luta contra as forças do mal. O anime fez grande sucesso quando estreou em 1999, pois trouxe ideias como mundo virtual, tecnologia digital e conexão sem fio, pouco comuns na época. Agora, vinte anos depois, Digimon Adventure ganhou uma nova série que foi ao ar em abril de 2020. O reboot atualiza a trama para o nosso tempo, ou seja, mostra um mundo em rede, altamente tecnológico e conectado. Aliás, é a “Rede” que faz a ponte entre as duas realidades. Além disso, o anime expande sua própria mitologia, mas com alusões aos mitos e lendas do nosso mundo. Vamos explorar algumas dessas alusões!

Os mitos em Digimon Adventure

Nos primeiros episódios de Digimon Adventure, já são várias as alusões à mitologia. Por exemplo, o pássaro de fogo Birdramon lembra muito uma fênix. A baleia Whamon, que engole o menino Izzy e seu “digi-inseto” Tentomon, nos remete à fábula hebraica de Jonas e a baleia, sobre o homem que foi engolido e sobreviveu. Mas a “digi-baleia” não vive em águas profundas. Pelo contrário, ela navega no ciberespaço em meio a coloridos blocos de dados que lembram peças do jogo Tetris.

Ao mesmo tempo que é rico em referências, Digimon Adventure cria sua própria mitologia fantástica. No episódio 5, as crianças acham no Mundo Digital um templo onde viveram “os Guardiões do Bem”. O cenário é exuberante, com água cristalina, céu azul e cores vibrantes. Lá, descobrem que houve uma guerra da luz contra as trevas. O local inclui temas religiosos na trama, como os deuses e o juízo final.

A guerra do bem contra o mal

De acordo com a sinopse de Digimon Adventure:

É o ano de 2020. A Rede tornou-se algo indispensável para a vida dos humanos. Mas o que eles não sabem é que, por trás da Rede, existe um mundo de luz e trevas conhecido como o Mundo Digital, habitado pelos Digimons“.

A guerra ocorreu há muito tempo e deixou um rastro de destruição. Depois, as trevas tomaram o mundo até serem derrotadas, posteriormente. Os Guardiões do Bem se sacrificaram, não antes de preverem o retorno das trevas no futuro, no momento em que os seres sombrios voltariam a agir. De acordo com a profecia, a esperança final é o grupo de crianças que surgirá para ressuscitar a alma dos Guardiões. Afinal, se a escuridão vencer, seus efeitos se espalharão feito um vírus pela rede, trazendo desastre ao mundo dos humanos.

O episódio 5 traz um pano de fundo que não existia na série original. De fato, Digimon Adventure sempre flertou com a mitologia e com a ideia de que haveria, no Mundo Digital, deuses e divindades. Mas, dessa vez, temos um vislumbre desses deuses. A ideia ganha um dualismo religioso: a dimensão de uma antiga guerra do bem contra o mal. O bem venceu, mas o preço foi alto demais. Assim sendo, cabe aos “digi-escolhidos” restaurar a paz.

A roca (pássaro lendário)

O pássaro Birdramon, que parece uma fênix, carrega os heróis pelos ares numa cesta. Isso acontece no episódio 11 e em vários outros. A imagem faz lembrar da roca, ave lendária da mitologia árabe também popular no folclore dos marinheiros. A roca aparece no conto do marujo Sinbad, em As mil e uma noites.

O Martelo do Trovão de Zudomon

No episódio 15, o menino Joe vira isca para salvar seus amigos. Ikkakumon então digivolve para Zudomon, a fim de ajudá-lo. A arma desse poderoso digimon é um martelo de aço, que lembra o mjöllnir de Thor, o deus do trovão. Entre outras funções, essa arma da mitologia nórdica era capaz de defender o mundo dos deuses e dos homens das forças do Caos.

O reboot de Digimon Adventure expande o universo da franquia, mas com diversas referências aos mitos e lendas do nosso mundo. Decerto, há muitos outros elementos nesse anime, que é um sucesso desde os anos 2000. Quais você é capaz de identificar? Deixe sugestões nos comentários!

Veja Digimon Adventure no Crunchyroll.

Como citar este artigo? (ABNT)

REIS FILHO, L. A (digi)mitologia em Digimon Adventure, Projeto Ítaca. Disponível em: https://projetoitaca.com.br/digimitologia-a-mitologia-de-digimon-adventure/. Acesso em: 02/05/2024.

Lucio Reis Filho

Lucio Reis Filho

Lúcio Reis Filho é Ph.D. em Comunicação (Cinema e Audiovisual), escritor e cineasta especializado nas interseções entre Cinema, História e Literatura, com foco nos gêneros do horror e da ficção científica. Historiador com especialização em Estudos Clássicos pela Universidade de Brasília, em parceria com a Cátedra Unesco Archai (Unb/Unesco), é Coordenador do Projeto Ítaca. Seus interesses acadêmicos e de pesquisa são essencialmente interdisciplinares; abrangem Cinema, Artes Visuais, História, Literatura Comparada e Estudos da Mídia. Escreve periodicamente resenhas de livros, filmes e jogos para diversas publicações.
Lucio Reis Filho

Lucio Reis Filho

Lúcio Reis Filho é Ph.D. em Comunicação (Cinema e Audiovisual), escritor e cineasta especializado nas interseções entre Cinema, História e Literatura, com foco nos gêneros do horror e da ficção científica. Historiador com especialização em Estudos Clássicos pela Universidade de Brasília, em parceria com a Cátedra Unesco Archai (Unb/Unesco), é Coordenador do Projeto Ítaca. Seus interesses acadêmicos e de pesquisa são essencialmente interdisciplinares; abrangem Cinema, Artes Visuais, História, Literatura Comparada e Estudos da Mídia. Escreve periodicamente resenhas de livros, filmes e jogos para diversas publicações.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *